Rússia atrai cubanos para o exército em troca de salário e passaporte

A Rússia tem estado a atrair cidadãos cubanos para as suas forças militares destacadas na Ucrânia, segundo uma investigação da emissora britânica BBC divulgada este domingo. A informação foi obtida a partir de uma fuga de dados de passaportes de cubanos que, alegadamente, terão entrado no exército russo e que, nos últimos meses, partilharam informação que o confirma.

De acordo com documentos obtidos pela BBC e relatos nos meios de comunicação social, a Rússia está a oferecer cerca de 2 mil dólares (€1900) por mês, além de prometer cidadania russa alguns meses depois de aderirem ao exército. A emissora britânica refere que enquanto o passaporte russo permite a deslocação para 117 destinos, o cubano está limitado a circular em 61.

Atrair soldados estrangeiros para o exército surge como forma de compensar as perdas de soldados na guerra na Ucrânia, evitando assim uma mobilização forçada para as forças militares. Um órgão de comunicação social local russo confirmou que os cubanos se estão a juntar ao exército, por quererem “ajudar o país a atingir os objetivos da operação militar especial”alguns intenção “de se tornarem cidadãos russos no futuro”.

Contudo, a investigação jornalística concluiu também que nem todos os jovens cubanos atraídos para a Rússia pelos salários mais altos sabem à partida que têm de ir para a linha da frente na Ucrânia.

O jornal britânico admite ser difícil saber ao certo quantos cubanos já entraram no exército russo. Ruslan Spirin, enviado diplomático da Ucrânia para a América Latina e Caraíbas, apontou para cerca de 400 cubanos, numa entrevista ao “Wall Street Journal”. As autoridades ucranianas têm vindo a dar conta de um aumento de soldados estrangeiros entre as forças militares russas, em particular de Cuba, Índia, Nepal e de alguns países africanos.