Lucros da Novo Nordisk, dinamarquesa que comercializa o Ozempic, sobem 27%

As vendas da multinacional dinamarquesa que comercializa o Ozempic ascenderam aos 65 mil milhões de coroas dinamarquesas (8,7 mil milhões de euros ao câmbio atual) no primeiro trimestre de 2024, mais 24% do que há um ano. Com este impulso, os lucros da empresa que se transformou numa das mais valiosas da Europa subiram em 27% para 4,3 mil milhões de euros.

“Estamos satisfeitos com o crescimento das vendas nos primeiros três meses de 2024, impulsionado pelo aumento da procura dos nossos tratamentos para a diabetes e a obesidade à base de GLP-1. (…) No âmbito da Investigação e Desenvolvimento, estamos satisfeitos com os resultados positivos do ensaio de resultados renais com semaglutido e com a expansão do rótulo para a redução do risco cardiovascular do Wegovy nos EUA”, afirmou o CEO Lars Fruergaard Jørgensen.

A Novo Nordisk continua otimista quanto às suas perspetivas de crescimento para 2024 e espera que o crescimento das vendas se situe entre 19% e 27% a taxas de câmbio constantes, com um crescimento do lucro operacional projetado entre 22% e 30%. Além disso, prevê que o crescimento reportado em coroas dinamarquesas se alinhe com o crescimento a taxas de câmbio constantes.

As vendas na América do Norte aumentaram 35% a taxas de câmbio constantes, tendo a aprovação do Wegovy nos Estados Unidos para a redução do risco cardiovascular em indivíduos com excesso de peso ou obesidade e doença cardiovascular contribuído para o especial sucesso.

A principal concorrente da Novo Nordisk, é a americana Eli Lilly, que aumentou a sua previsão de vendas anuais em dois mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros ao câmbio atual), graças ao sucesso de novas injeções para perda de peso, o Zepbound, e do medicamento para a diabetes Mounjaro.

No último ano, a popularidade de medicamentos tradicionalmente prescritos para o tratamento da diabetes tipo II disparou exponencialmente. Enquanto Ozempic e Wegovy têm como principal ingrediente ativo o semaglutido, que replica uma hormona que tem como alvo áreas do cérebro que regulam o apetite e a sensação de saciedade; outros medicamentos famosos como Victoza e Saxenda têm como principal ingrediente ativo o liraglutido, substância análoga ao semaglutido, que produz efeitos semelhantes ao retardar a digestão. Estes medicamentos não são indicados para a perda de peso, no entanto são utilizados para tal num uso fora do rótulo (que não segue a posologia indicada). Ao suprimir a sensação de apetite, os indivíduos sentem-se cheios mais depressa, o que os leva a comer menos e, em última análise, pode provocar perda de peso.

Há um ano foi noticiada a entrada de um pedido no Comité de Peritos da Organização Mundial de Saúde para a inclusão do liraglutido na lista de medicamentos essenciais da OMS, sublinhando a preocupação da obesidade como problema de saúde público. A lista de medicamentos essenciais da OMS orienta os governos nacionais ao assinalar “as necessidades mínimas de medicamentos de um sistema de saúde, enumerando os medicamentos mais eficazes, seguros e rentáveis para situações prioritárias”. Esta lista abrange fármacos como o ibuprofeno, a aspirina, antirretrovirais para o HIV, e antibióticos.